Urticária
- Dra Priscilla Rios
- 22 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2024

A urticária é uma doença que acomete a pele (camada mais superficial) e consiste no aparecimento de lesões na pele (“vergões”), de tamanhos variados, caracterizadas por um edema (inchaço) central, frequentemente associado a uma coloração avermelhada ao redor, coceira e/ou sensação de queimação. Tais lesões são denominadas urticas e, geralmente, desaparecem em 1 a 24 horas, sem deixar marcas (a pele volta ao normal). Além das urticas, pode existir um edema de camadas mais profundas da pele, muitas vezes associado a dor local, conhecido como angioedema. Assim como as urticas, o angioedema surge espontaneamente, porém com resolução em 24 a 48 horas (às vezes até 72 horas).
Assim que surgem as primeiras lesões (urticas), quase que imediatamente associamos a um quadro alérgico e tentamos identificar a causa e, com frequência, associamos a alergia alimentar. A alergia a algum alimento pode ser uma das causas da urticária (aguda), mas existem outras como infecções (principal causa nas crianças), medicamentos, picada de inseto e até fatores ambientais como o frio, o calor, o exercício, exposição solar etc.
Na presença de um quadro de urticária é importante diferenciar se o quadro é agudo (duração até 6 semanas) ou crônico (duração maior que 6 semanas). No caso da urticária aguda, as principais causas são infecções, alimentos, medicamentos/ contrastes e picadas de inseto. Já as urticárias crônicas podem ser espontâneas (UCE) ou induzidas (UCInd) e sua duração pode ser de meses a anos.
Nos casos de urticária crônica espontânea, as urticas surgem sem motivo aparente e sem relação com estímulos externos, emocionais ou associado a alergias. Na UCInd, o aparecimento das urticas ocorre a partir de fatores específicos, que podem ser o atrito e fricção da pele (dermatografismo), contato com o frio (urticária ao frio), pressão sobre a pele (urticária de pressão tardia), calor (urticária ao calor), água (urticária aquagênica), estímulos vibratórios (urticária vibratória) e por aumento da temperatura do corpo (urticária colinérgica).
Tanto na urticária aguda como na urticária crônica, é de suma importância a história clínica e exame físico para tentar identificar as causas. Nos casos de urticária aguda, na maioria das vezes, NÃO há necessidade de exames laboratoriais. Já a urticária crônica, alguns exames podem ser solicitados para investigação da provável causa, conforme dados da história clínica e achados do exame físico.
No geral, o tratamento inicial é o uso do antialérgico (anti-histamínico), de preferência os denominados de segunda geração por causar menos eventos adversos (colaterais). Os antialérgicos são utilizados por 2 a 4 semanas, com dose que pode chegar até 4x a orientada em bula, até que ocorra melhora dos sintomas. Em alguns casos, o uso do corticoide oral é indicado nas crises e por curto período. Conforme a resposta ao tratamento, outras medicações como imunobiológicos (Xolair), imunossupressores (ciclosporina e outros) e antileucotrienos podem ser associados para controle dos sintomas.
Vale ressaltar que apesar de não ter causa emocional, psicológica ou por estresse, o constrangimento causado pelas lesões ou coceira, bem como a incerteza de quando ocorrerá uma crise, impactam na qualidade de vida (social e profissional/ escolar) das pessoas com o diagnóstico de urticária. Como consequência, alguns podem apresentar instabilidade emocional, transtorno de ansiedade e até depressão, com necessidade de acompanhamento psicológico.
O acompanhamento com alergistas/ imunologistas ou dermatologistas permite um melhor controle dos sintomas, avaliando a melhor opção de tratamento, bem como os eventos adversos (efeitos colaterais) dos medicamentos.
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