Dermatite atópica
- Dra Priscilla Rios
- 22 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2024

A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica e recorrente da pele, que se caracteriza por lesões de pele avermelhada e ressecada associada a coceira. As lesões da pele geralmente estão localizadas nas regiões de dobras do corpo como porção anterior dos cotovelos, região atrás dos joelhos e pescoço; e, em crianças menores, na face.
Como surge a dermatite atópica?
A pele do paciente com dermatite atópica apresenta alteração na sua composição resultando em alteração da sua função de barreira; permitindo que o sistema imune seja frequentemente estimulado por fatores externos.
Quem pode ter dermatite atópica?
Pode acometer pessoas de qualquer idade, mas principalmente crianças nos primeiros anos de vida; sendo mais frequente em pessoas com histórico pessoal ou familiar de outras doenças alérgicas, como asma, rinite ou conjuntivite (não necessariamente ao mesmo tempo). Contudo, apesar de ser menos comum, adultos e até mesmo idosos podem apresentar essa doença de pele, mesmo sem ter tido histórico na infância.
Como a dermatite atópica se manifesta?
Pele seca e coceira são as principais características da DA. A coceira pode variar de intensidade (leve a intensa), frequentemente com piora à noite, podendo causar feridas na pele; além de interferir na qualidade do sono e consequente influência na qualidade de vida.
Além das lesões avermelhadas, outras lesões podem estar presentes, como secreção (frequentemente relacionada a infecção), crostas, descamação e espessamento da pele. A localização das lesões variam conforme a idade:
Em menores de 2 anos: acomete principalmente a face (bochechas), pescoço, punhos e pés.
Entre 2 e 12 anos: as lesões são mais comuns nas áreas de dobras, ou seja, na frente do cotovelo e atrás dos joelhos.
Em maiores de 12 anos e adultos: além das dobras, as axilas, o pescoço e a nuca também são áreas comumente afetadas.
Pessoas com dermatite atópica podem apresentar períodos de melhora e piora recorrente, podendo haver intervalos de semanas, meses ou anos, entre uma crise e outra. Alguns fatores podem agravar a dermatite atópica como:
Sudorese excessiva (ambiente quente, variações repentinas de temperatura e roupas quentes)
Baixa umidade no ambiente (aumenta o ressecamento da pele)
Roupas de lã, tecidos sintéticos e ásperos em contato direto com a pele (aumentam a coceira)
Banhos demorados com água quente (ressecam a pele)
Uso excessivo de sabonetes associado ou não ao uso de buchas
Situações de estresse (aumentam a coceira)
E os alimentos?
Bem, não é comum a dermatite atópica estar associada a alimentos; mas, quando presente, é mais frequente nos casos graves e de início no primeiro ano de vida.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da dermatite atópica é clínico, ou seja, para se determinar se alguém tem dermatite atópica não há necessidade de exames laboratoriais. Através da consulta e exame físico.
Como se trata?
O objetivo do tratamento da dermatite atópica é:
Controlar a coceira
Reduzir o processo inflamatório da pele
Prevenir crises /recorrências
Controle da coceira:
Uma pele ressecada é um gatilho para a coceira. Assim, a base do tratamento da dermatite atópica consiste no uso de hidratantes para melhorar a barreira natural da pele. A frequência do uso de hidratantes varia conforme a intensidade do ressecamento e necessidade individual, mas no mínimo 2x/dia.
Além do uso de hidratantes, a temperatura da água do banho deve ser controlada (evitando banhos quentes) e o tempo do banho (máximo até 15 min); uma vez que a água quente resseca ainda mais a pele.
Além da temperatura da água do banho, deve-se dar preferência por sabonetes líquidos com pH próximo ao pH natural da pele.
O uso de anti-histamínicos (anti-alérgicos) pode ajudar no controle da coceira, mas nem sempre consegue o controle total. Além disso, deve-se estar atento aos efeitos colaterais destas medicações.
Controle do processo inflamatório:
O controle do processo inflamatório varia conforme sua intensidade. Nas formas leves (mais comum) o tratamento envolve o uso de medicamentos tópicos (aplicados diretamente sobre a pele) que consistem em corticoides (creme ou pomada) e os inibidores de calcineurina. A indicação de um ou outro deve ser orientada pelo médico, que fará ajustes conforme idade do paciente, área afetada e avaliação de efeitos colaterais.
Em caso de pacientes com áreas extensas cujo controle com medicações tópicas não é o suficiente, uma outra opção é a fototerapia. A fototerapia consiste na exposição a raios ultravioleta (ultravioleta B de banda estreita), exercendo um efeito imunomodulatório, auxiliando no controle da inflamação e da coceira.
Nos casos mais graves, medicações orais como corticoides (menor tempo possível devido ao efeito rebote), imunossupressores (ciclosporina, metotrexate etc), imunobiológicos (dupilumabe) e pequenas moléculas (inibidores da enzima Janus Kinase - baricitinibe, upadacitinibe e abrocitinibe).
Em casos cujas lesões resultam em alterações na aparência da pele e a coceira persistente compromete a qualidade de vida e impacto no bem-estar emocional, podendo levar à ansiedade e depressão, faz-se necessário o acompanhamento psicológico.
Como é a evolução da dermatite atópica?
Quando sua manifestação ocorre na infância, a maioria evolui com remissão da dermatite na adolescência, embora alguns casos permaneçam até a vida adulta.
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